Há quem se arrisque a comentar coisas sérias e graves pautando as palavras por alguma enciclopédia, ou algum manual da mais grotesca ignorância. Falar daquilo que não se sabe é, no mínimo, irresponsabilidade.
Felizmente são poucos os pitacos ouvidos ou escritos de que depressão é frescura, ou falta de religiosidade, e até envolvimentos com “religiões ligadas à magia negra”. Mas esses comentários existem, e, a depender de quem os receba, poderá causar grandes estragos.
Na antiguidade Hipócrates já descrevia a depressão como melancolia, como um ataque de tristeza, provocado por uma modificação dos humores.
Hoje, a depressão é entendida como sendo a designação genérica dos estados de baixo tono psíquico, em geral relacionados com a afetividade, e que se caracteriza pela baixa do humor, o abatimento e a melancolia profunda, muitas vezes acompanhados de sensações de mal-estar físico e de sentimentos como falta de coragem, desânimo, falta de autoconfiança, inércia, sentimento de pesar e pessimismo sistemático. Nas formas mais graves, a depressão pode tomar aspectos delirantes, como hipocondria, delírio autoacusatório etc.
A depressão distingue-se da simples tristeza, sensação de perda ou estado de luto, que são respostas legítimas e normais à perda de pessoas ou objetos amados. Se uma pessoa tem claras razões para sentir-se infeliz, só se pode falar em depressão se existe uma desproporção muito grande ou longa em relação ao fato que causou tal estado de ânimo.
De tanto reiterar, de tanto repetir dados estatísticos, temo que possa tornar-me cansativo, mas vamos mais uma vez aos números significativos que apontam o Brasil como recordista na América Latina em taxa de pessoas com depressão: segundo a Organização Mundial de Saúde – OMS, 5,8% da população nacional sofre deste mal, superando o Paraguai, o Chile, e o Uruguai.
Ao par disto, em 2016 o Brasil já contabilizava 206 milhões de habitantes, e desses, 11.948.000 eram portadores de depressão. E o número tende a crescer, à medida que aumenta a população.
Ocorre que, necessariamente, este assombroso percentual não está distribuído em partes iguais entre as capitais e os municípios. Quer dizer, encontraremos localidades com maior ou menor tendência a concentrar pessoas atingidas pela depressão. Com relação aos municípios de Porto União, União da Vitória, e cidades do entorno, não há dados oficiais, nem estatística formal com dados confiáveis para sustentarmos qualquer argumento quantitativo, entretanto, dá para garantir que há muitas queixas de pessoas com sintomas importantes desse transtorno, ou com relatos que denotam ansiedade, dois potenciadores de ocorrências de suicídios.
Imaginando que, grosso modo, por alto, tenhamos na região cerca de 200 mil habitantes, precisamos entender que 5,8% representam uma multidão de 11600 habitantes com depressão. Isto não pode ser algo desprezível, que se desconsidere, que alguém se imagine ser inatingível por esse “raio tenebroso”. Nesse contexto, é importante lembrar que a conta pode ser menor, mas, também poderá ser maior.
Como, às vezes, é preciso desenhar para que alguém entenda com mais propriedade, especialmente num tema tão complexo como este, e para muitos até subjetivo, recorro ao jovem fotógrafo Christian Hopkins, que está há algum tempo nas redes sociais mostrando em imagens o que sente como portador de depressão aguda. Quem quiser ver quase 30 fotos expressivas desse mal, é só acessar:
www.huffpostbrasil.com/2015/07/27/fotos-depressao_n_7883326.html, e
www.hypeness.com.br/2013/11/arte-como-terapia-jovem-usa-fotografia-pra-enfrentar-depressao/
Em Porto União, o Projeto União Pró-Vida corre contra o tempo para capacitar a primeira turma de voluntários que se colocará disponível para conversar com pessoas que estejam sentindo necessidade de falar de coisas sérias e graves e que estejam trazendo desconforto emocional. Não precisa “estar nas últimas” de um quadro depressivo, antes disso é melhor prevenir, falando, botando para fora aquilo que está tornando a vida, o viver e o conviver, insuportáveis, ou quase chegando a isto. No momento, quem quiser poderá acessar o pessoal do Projeto através do e-mail uniaoprovida@yahoo.com
Jonas Paulo jonaspaulo44@gmail.com