Até o último dia 22, apenas 58,2% do público-alvo foi imunizado contra a influenza, e, quando esta edição do Tribuna A2 já estiver circulando, a campanha terá terminado. Parece que muita gente do grupo de risco ficará de fora dos benefícios da imunização.
Há ocasiões na vida em que, por alguma razão não totalmente explicada dentro da lógica, os seres humanos parecem zombar da sorte. Algo como se gostássemos de viver perigosamente. Refiro-me, a partir de agora, ao Bem e ao Mal (escritos assim mesmo, com iniciais maiúsculas, para marcar a relevância do que eles representam em nossas vidas, como aspectos determinantes de nossos destinos).
Ambos, o Bem e o Mal, são contagiantes, e podem alastrar-se com maior ou menor frequência, a depender da nossa receptividade a eles. Algo como se estivéssemos, ou não, com a imunidade alta ou baixa em relação a essas “espécies de vírus”.
As religiões e filosofias sérias não deixam de ecoar a proposta de amor incondicional entre as pessoas, a recomendarem o Bem como princípio inarredável, e o afastamento do Mal na acepção máxima do termo.
Entretanto, ainda por eventual inabilidade, patinamos entre comportamentos benévolos e malévolos, com a prevalência destes últimos.
O entendimento de que o outro sempre é digno da minha desconfiança, antes de hipotecar a ele a minha confiança, carece ser reformulado, sob pena de ninguém dar o primeiro passo no sentido do bom conviver, estabelecendo-se nesta circunstância um círculo vicioso em que você desconfia de mim porque ninguém é digno de sua confiança, como também, eu desconfio de você porque ninguém é confiável.
O apego aos bens materiais têm nos tornado céticos quanto a possibilidade de nos expor, e de escancararmos um pouco mais as nossas trancas e retrancas.
Criamos comportamentos neuróticos que nos obrigam a manter coisas guardadas sob “sete chaves”, e com fechaduras eletrônicas de última geração, alarmes, travas, ferrolhos, cadeados, senhas, contrassenhas, segredos, códigos, cifras, sinais criptográficos, e muito mais que a criatividade humana engendra.
Nos colocamos, desde que nos descobrimos ardilosos uns para com os outros, obcecada e obstinadamente a buscar proteções, tanto contra ataques físicos, quanto a possibilidade de sermos garfados em nosso rico dinheirinho.
Nosso atual patamar evolutivo nos leva a cogitar da maldade, para produzir o Bem e a proteção, quando o ideal seria o de produzirmos o Bem em larga escala, como hábito, para evitarmos a proliferação do Mal.
Viver acuado, em permanente vigilância, tensos, no nível em que ainda nos colocamos, é necessário, mas isso produz uma carga emocional negativa de média a grave consequências.
Assim, convencidos de que não devemos “baixar a guarda”, que é necessário dormir com um dos olhos abertos, aparentamos, mesmo que não admitamos, acreditar que o Bem, na expressão máxima da palavra, é uma utopia, algo inalcançável.
Tanto isto é verdade que ainda causa furor, um certo espanto, a propalada honestidade vivida e consagrada em alguns países, que se dão ao luxo de manterem-se estabelecimentos comerciais, ou pontos de venda de produtos onde o cliente se serve, paga, e dá o troco a si mesmo, com baixíssimos índices de desvios.
Aqui, numa tentativa corajosa, o Tribuna A2 acaba de colocar em prática uma proposta em que, de certa forma, ensina, testa, e demonstrará, na prática, se já estamos ou não num nível moral e ético ideal para nos alinharmos com o Bem, no sentido a que nos referimos neste artigo.
O tempo, o Senhor de toda verdade, demonstrará se a “fruta” está no ponto, e quiçá, a sociedade se automotive para novos empreendimentos na mesma linha.
Um grande sonho… Um sonho de, realmente, fazermos jus ao qualificativo de “povo civilizado”.
A despeito das maldades orquestradas por muitos líderes políticos, que não conseguem ver dinheiro sem que não sejam tentados a se apoderarem dele, de forma desonesta, o processo de alçarmos voos conscientes na direção da honestidade, da pacificação, do amor fraternal, creio, é irreversível.
O individualismo perde forças, e os bons exemplos contagiam, mesmo que timidamente. Precisamos debelar alguns anticorpos renites, que têm impedido as iniciativas de expressarmos sentimentos genuínos de compaixão e solidariedade, sem nada, absolutamente nada querer em troca. Isto é, ajudar por ajudar, amar por amar, facilitar por facilitar, amparar por amparar, de forma desinibida.
A ideia de que em todo ser humano há uma tendência para o Bem merece ser ampliada, motivada, exercitada, e, pelo menos por agora, experimentada.
A assertiva deixada pelo “Movimento pela Paz” é lapidar: “A paz do mundo começa em mim”, como a dizer que a pacificidade reside no interior de cada pessoa, e está latente em cada ser humano.
É só escolher: guerra ou paz?
Jonas Paulo jonaspaulo44@gmail.com