Caminhão
Não é a primeira vez que a região do “Alto da Glória” presencia uma cena como essa. Um caminhão “perdido” no centro de Porto União causando riscos a transeuntes e outros motoristas. Foi nesta manhã (3), próximo ao cemitério de Porto União. Outras vezes já vimos por esta área caminhões tombando, colidindo com edifícios e até demolindo-os. E a vida segue assim: em termos de pontes, 4 a 0 para União da Vitória. Sem contar a ponte “de ferro”.
Devemos crer
Quando grupo de pessoas, pensadores e políticos de Porto União (e eu me incluo renovando a disposição) propunham a construção de uma ponte ligando o distrito industrial ao distrito de São Cristóvão (Paraná) não faltaram os deboches nem os descrentes, muitos dos quais estão aí ao lado do atual prefeito mesmo sendo de “oposição partidária” – pero no mucho. A ex-vereadora Magali Carneiro (PP), por exemplo, chegou a apresentar estudos e propostas na Câmara. Foi demovida da ideia pelo marasmo que permanece para a conquista deste imprescindível acesso interestadual ligando o Paraná e Santa Catarina. Uma ponte que faça com que o trânsito pesado desvie áreas escolares e residenciais. Mas, pensar grande aqui é proibido. Enquanto isso, União da Vitória – onde a cultura política é outra, historicamente – em pouco mais de três anos definiu sua ponte: a quarta sobre o rio Iguaçu. Porto União, terra de coronéis camaleões, nenhuma.
Proibido pensar
Como eu disse, é proibido pensar grande em Porto União. Proibido pensar numa ponte nossa, proibido pensar num deputado estadual nosso. Até com um sistema de trânsito decente é proibido sonhar. Para alguns que querem sempre o poder pelo poder no município, isso é assim mesmo: pessoas profissionais competentes e inteligentes, cheias de ânimo, precisam passar longe da administração para não causarem sombras. Quanto mais “pau-mandado”, melhor para os coronéis.
Qual?
Qual a última grande obra que vimos 30 anos em Porto União? Ou para melhorar minha exposição: qual foi a grande obra proposta nestas últimas três décadas? Obras que não sejam massagem no ego, que não sejam poluidoras arquitetonicamente de bens tombados patrimônio histórico, que não invadam terrenos alheios e nem a pista de rolamento das ruas prejudicando ainda mais nosso pífio sistema de trânsito. Que não sejam obras “banho-maria” da política a conta-gotas de municípios do interior: asfalto*, reforma da creche e posto de saúde. Qual administrador deu a Porto União uma nova proposta de crescimento?
O asterisco
Quem não quer um asfalto diante de sua empresa ou residência? De fato, asfaltar é muito bom, receber ainda mais. Melhor ainda se for feito dentro de uma polícia de direcionamento urbano, ou, do plano diretor. Você já buscou saber quais critérios são utilizados para apontar as ruas que receberam e receberão tal benefício em nosso município?
Lojas grandes
Não defino a vinda de lojas – como Havan – e outras redes como “grandes obras públicas” (e isso desde antes da eleição passada, ok?). Essas são grandes obras privadas bem-vindas que trazem seu benefício urbano naquilo que entendo como um ciclo natural do crescimento. Parceria em que o município participa com os favorecimentos legais de isenção de impostos e infraestrutura. Nada além disso. Menos foguetórios, por favor. Emprego e renda se fortalecem mais quando estes índices são afetados pela cadeia produtiva. Por exemplo, de “uma grande fábrica de MDF”…
Maiores
Eu considero que nos últimos 50 anos as três “maiores obras realizadas” – ou pensadas e iniciadas – em Porto União são assinadas por Victor Buch Filho, Alexandre Puzyna e Ilário Sander – os três de saudosas memórias. Obras de coragem e impacto, feitas em épocas ainda mais desafiadoras do que a atual.
Buch Filho 1
Victor Buch Filho, “prefeito do cinquentenário”, data inclusive comemorada sob seu comando com maiores feitos e eventos do que o próprio centenário (basta comparar os vídeos, sem precisar pesar as épocas). Não posso listar todos os feitos dele que interferiram positivamente no crescimento de Porto União, pois demandaria espaço. Mas não posso ser injusto com suas importantíssimas realizações em suas três passagens pelo paço municipal.
Buch Filho 2
Por isso, entendo que o prefeito responsável pelo belo chafariz da Praça Hercílio possa aqui ser lembrado numa nota específica pelo simples fato de que eu não saberia definir qual a mais importante realização: se foi o sistema de água tratada ou a conquista do corpo de bombeiros (1969), força à qual sua outra gestão deu o quartel atual. Ou se foi a sua luta pelo colégio Cid Gonzaga (não viria para cá, mas usou de sua influência política para trazer), o prédio da atual prefeitura ou se foi pela definição junto à União da importante área onde hoje nosso parque industrial sofre para receber uma camada de asfalto que não seja às portas de uma (re) eleição.
Puzyna
Grande orador, simpático até quando precisava ser enérgico e um sonhador com o qual me identificava muito. Tanto é que não deixou seu povo à míngua e se elegeu deputado federal! Sem dúvida (para mim) sua maior obra no município em suas três passagens é o contorno ligando o “trevo da Reunidas” (bairro São Pedro) ao 5º BEC Bld. Com ela, Puzyna guiou o crescimento urbano para uma das regiões mais prósperas em nosso município, aumentando, inclusive, o desinteresse popular em construir residências em áreas atingidas pelas cheias.
Sander
Já ouvi muita gente contando anedotas a respeito do Ilário Sander pelo seu modo de falar, interiorano. Empresário de Santa Cruz do Timbó que bem representou o interior do município, quando prefeito (foram duas gestões) teve a coragem de construir uma obra que não está aí com as caras placas em bronze afixadas. Todos nós pisamos sobre a obra de Sander diariamente cada vez que passeamos pelo centro: o saneamento que corre por debaixo dos tapetes de paver num município em que ainda hoje tem irrisórios 7% de esgoto tratado (segundo a Sanepar, 15%).
Depois deles
Antes da última administração de Puzyna, falecido durante a gestão, Porto União teve ainda a passagem do médico Ari Carneiro Jr (na década de 1980) com boas propostas na agricultura e no setor empresarial. Boas apostas em projetos na área esportiva, de piscicultura (vigente) e empresariais com as feiras da indústria e comércio na área industrial que ficaram para trás. Mas, a partir disso, me parece que as coisas mudaram um pouco em termos de cultura político-administrativa.
Ritmo
O que parece ter mudado foi o ritmo. Porto União parece ter “perdido o pique” (…) com relação a interferências mais agudas por meio de projetos maiores, realmente de peso. Projetos que, necessariamente, não são “dessa” ou “daquela” administração, pois dependem de maior tempo de maturação. Mas que precisariam ser pelo menos propostos.
Conta-gotas
Entramos, pois, na era “conta-gotas”, como eu disse, e criamos a cultura popular de que o trivial, o cumpre-tabela, por mais que necessário, passou a ser algo “fantástico” aos olhos e ouvidos de muitos. Daí a comemoração quando vemos uma rua asfaltada: fomos acostumados às coisas normais, nos esquecendo de que é possível avançar mais.
Atuar antes de votar
E para começar, em tempos de autoritarismo, sem democracia alguma no comando municipal, de pulso centralizado, penso que é preciso quebrar esse ciclo da mesmice que, eu já disse aqui, achei havia ajudado a quebrar. Nada. Antes de eleger um prefeito, seja ele quem for, Porto União precisa acordar politicamente. Analisar com os mais recentes comportamentos e perceber se ainda não são os mesmos disfarçados de outros e acreditar que pode criar um novo ciclo político. Tomar parte não apenas com o voto. Participar dos debates públicos, de suas associações, acompanhar as ações de prefeito e vereadores para poder ter sua própria convicção de como oxigenar a gestão pública. Atuar antes de votar.
Hotel
Porto União vai contar com um novo hotel. Melhor reescrever: um hotel novo, pois a marca é a mesma do importante mercado do bairro Santa Rosa: Chipitoski. O tapume já foi montado às margens do contorno construído pelo Puzyna, bem no trevo para o bairro Jardim Brasília. Investimento pesado, pelo qual cumprimento a família Antônio Chipitoski.
NR: ouvimos foguetórios?
Começou
A temporada de Fake News em redes sociais já teve início com relação à eleição em Porto União, infelizmente. Postaram imagens de uma reunião num centro comunitário (o que seria proibido diante da pandemia), porém, a referida imagem – que resultou numa ação jurídica já representada pelos afetados contra os autores – era, na verdade, de 2019…
Morro da Cruz, 03/08/2020