Cumprimento
Quero cumprimentar a CBN Vale do Iguaçu pela realização do quadro “Todo Político é Igual?” que foi encerrado na semana passada. Levou os vereadores locais, prefeitos e vices para a rodada de indagações a respeito da política. Ainda, houve o programa Linha Aberta de fechamento comandado pelos amigos Ricardo da Silveira, Vanessa Stenzel e Marcelo Maltauro no sábado (8) e com as participações deste jornalista, de Sitamar Dalmas (O Comércio) e Delbrai Augusto Sá (Caiçara).
Concordo com o Delbrai
Em minha fala a respeito de União da Vitória eu dei nota 7,5 para o prefeito Santin. Descontos na minha nota vieram pelo segundo período de seu mandato, pelo excesso de investimento em mídia estadual, pelo empréstimo de R$ 18 milhões para asfalto e o meio milhão do projeto Lerner pouco colocado em prática (mas que traz uma sugestão importante que é a ação proposta para o Rio Vermelho, algo realmente espetacular se realizado um dia). E concordando com o que explanou Delbrai em sua fala, que Santin muito falhou naquilo que destinou para a pasta da Cultura, um termo que em relação a ele, ironicamente, melhor apareceu no nome da cabeça de rede da emissora da família, a TV Cultura (São Paulo). Aliás, os dois municípios foram mal nesta pasta.
Bom trabalho
Falar de Delbrai Augusto Sá é rememorar os melhores momentos vividos pela Secretaria de Cultura nos últimos anos em União da Vitória. É o que eu digo quando defendo a indicação pela meritocracia, pelo vínculo ao setor que se assume. Delbrai, admirador da boa música, tinha sua bandeira, notadamente hasteada em eventos de cinema e teatro no Cine Luz. Deixou sua marca positiva, indiscutivelmente, com apoio dos prefeitos que olharam com maior atenção para o setor.
Posicionamento
Posiciono-me politicamente. Em Porto União estou na oposição e em União da Vitória, neutro. Isso para que eu não influa inadequadamente com minha opinião em aspectos eleitorais. Eu faço isso porque, via de regra, aqui em nossas cidades historicamente é assim. Veículos de comunicação que recebem mídia da prefeitura, juntamente “assinam virtualmente” um acordo de cavalheiros que é o de, pelo menos, não mostrar as falhas da gestão, quando não, tonificar exacerbadamente as ações consideradas positivas.
Discordo do Delbrai
Eu preciso discordar de outra opinião do Delbrai, cujo jornal impresso trouxe no mesmo dia (8) reportagem sobre as obras de Porto União: a de que “o prefeito Eliseu está reeleito”. Discordo por três motivos óbvios. O primeiro pela imparcialidade natural que se revela na fala e no ato, a partir do que eu disse acima, sobre matérias casadas que acabam contaminando a linha editorial dos veículos de comunicação daqui. A segunda é pelo fato de que essa apoteose acerca dos feitos triviais da atual gestão não leva em consideração o cenário oposicionista. Ele existe, precisa ser considerado (ou pelo menos respeitado) e virá à tona no momento adequado. A propósito, é preciso recordar 2016 quando muitos experientes comentaristas políticos – até do próprio grupo VVale, como Mário Emilio Silva e Gilberto Brittes – também antecipavam resultados e davam “como certa” a vitória do grupo do MDB. Como vimos naquele ano, vários fatores fizeram com que a história nas urnas fosse outra diante da soberba. E, por terceiro, a questão principal: pelo óbvio de que não iniciamos o período eleitoral. É cedo para cantar vitória…
Fatores
Além de uma névoa que paira sobre o posicionamento definitivo da oposição em Porto União (haverá fusão das frentes?), quando iniciado o período eleitoral surgirão fatores que não virão ao acaso. Bem documentados, estes aspectos comprovarão à sociedade que “o reino” não está às mil maravilhas. Principalmente no tocante à atenção primária da população e outros setores que hão de emergir seus problemas. Mas, se insistem em festejar antes da hora, que vá: é o direito de cada um.
Comparativo
Delbrai também confirmou seu posicionamento anunciado em redes sociais com relação ao presidente Jair Bolsonaro e citou falhas. Algumas eu concordo, entre as quais quando ele se referiu ao modo grosseiro, preconceituoso e até vingativo com o qual o presidente se dirige a integrantes de movimentos LGBT, por exemplo. Mas Delbrai deu nota máxima ao Eliseu. E essa gestão está muito longe de um 10. Aliás, eu diria aqui que “nenhum professor” do município daria nota 10…
Uns até por não estarem na escola… Num comparativo comportamental com Bolsonaro, como fica o modo “grosseiro, preconceituoso e até vingativo” com o qual o prefeito trata a professores e parte da imprensa local que não abaixa as cabeças? Como o que serve para um não serve para outro? Eu, por exemplo, em 32 anos de profissão, jamais havia sido enxotado de uma audiência pública da Câmara de Vereadores (para a qual havia sido convidado a perguntar). Adivinha só quem foi o simpático de eleição que mudou isso.
Ironizou
Já o prefeito de Porto União, em suas respostas à CBN, chegou a ser infantil. Chegou a ironizar a capacidade intelectual dos eleitores, notadamente, quando afirmou que: “poderia ter feito muito mais se tivesse o apoio de outros partidos e até digo porquê. O PSD, por exemplo, que é o partido do vice-prefeito, tem a maior bancada de deputados na assembleia legislativa de Santa Catarina e infelizmente não viabilizou absolutamente nada para Porto União” (sic). Friso mais uma vez que não pertenço ao atual projeto político do vice-prefeito Percy Storck, que é meu irmão.
Método Mibach
Mesmo sem tomar parte do projeto oposicionista em questão, sei que a afirmação do prefeito é uma inverdade que ele trouxe a público. Muitas ações do PSD na gestão de Eliseu já foram apresentadas, óbvio, não pelos canais oficiais da prefeitura, tampouco por seus jornais parceiros. Talvez se o prefeito não mantivesse o costume chinfrim de ocultar a origem dos recursos federais e estaduais que o município recebe (ou o de só anunciar aqueles que vêm de sua base, o que é ridículo) o povo e ele próprio seriam mais bem informados.
Capela
Vide por exemplo a capela mortuária do Jardim Bela Vista que tem emenda do deputado Maurício Eskudlark (PL) e que Mibach esconde da mídia, apresentando-a como se fosse realização exclusiva sua. Esse tempo já passou! Vejam o efeito positivo que o suprapartidário traz a União da Vitória… Mibach e seus apoiadores precisam entender que não estamos mais na década de 1990 quando a singular autocracia dele nadava a braçadas largas no monopólio da informação radiofônica local. Este é um comportamento nocivo que, eu pensava, não faria mais parte da política local em pleno 2020 e que só comprova que nem todos evoluem, o que endossa minha decepção. Segue-se com a triste moda antiga de substituir propostas políticas por ofensas, perseguição e mentiras. Vejam nas imagens abaixo que são reproduções do site da Rádio Colmeia: em 2016, quando o então prefeito Anízio de Souza (PT) anunciava a obra da Capela do Bela Vista e agradecia ao deputado pela emenda e, logo abaixo, “o modo Eliseu” na sequência omitindo o nome do deputado porque é de partido que não de sua base.
Virão
As propostas políticas para Porto União que virão por parte da oposição criada pelo PL, DEM e PSC em seu tempo adequado (pós-convenções). Mas posso antecipar que a primeira e mais importante delas é oferecer a Porto União uma oportunidade desta vez realmente efetiva de se livrar de mentalidades e ações tão retrógradas. Criar um novo ciclo. Esquecer do que está aí e se comprovou como arcaico e corporativo. Não por menos, os velhos “oficiais de guarda” – inclusive alguns do MDB – que arrendaram a Câmara de Vereadores de Porto União e lá estão há seis e até sete legislaturas, agora andam de braços dados. Aliás, “este monopólio político do MDB não era o maior problema de Porto União” anunciado pelo atual prefeito quando candidato em 2016?
Contraditório
Vejam só. Embasando meus argumentos: o prefeito Eliseu bate em seu vice dizendo que o problema de Porto União, agora, é o PSD. Não é mais o MDB, tomem nota… “Olha, Carlos Moisés na verdade não estava sendo preparado para ser governador de Santa Catarina. O povo catarinense errou e errou feio e agora está pagando o preço da mudança. Esta mudança está custando muito caro para os catarinenses” (sic). Ou seja. Se para Eliseu o certo era não ter votado em Moisés, a população, na opinião do prefeito de Porto União, deveria ter votado em Gelson Merísio. De que partido? PSD.
Orbitaram
Faltam dedos nas mãos para contar aqueles que deixaram o governo Eliseu Mibach. E eu junto as minhas para agradecer não ter sido parte disso além de ter produzido voluntariamente – assim como os discursos de posse e do livro do centenário em nome do prefeito – o programa de Cultura e Turismo que em parte foi colocado em prática. Tal qual muitos ministros de Bolsonaro, assessores, secretários e até vice-prefeito de Porto União deixaram seus postos. Todas as relações humanas são desgastantes, verdade. Conduzir pessoas requer habilidades. Dito isso, precisamos refletir se tais pessoas que orbitaram o gabinete de Eliseu são tão incapazes como o prefeito afirma ou se a questão está na pouca aderência do eixo. Se o prefeito prefere repelir pessoas de capacidade e inteligência por medo de, mais atualizadas, lhe causarem sombras.
Nepotismo
Outra importante pergunta feita pela CBN foi sobre nepotismo. Prefeito e vice concordaram (aplausos) que é errado a indicação de parente, no que eu também concordo. Aliás, o A2 apresentará esta semana reportagem especial a este respeito.
Prédios
Mais dois prédios importantes foram anunciados em União da Vitória: o novo Fórum, nas proximidades do campo do Ferroviário, e o novo prédio da Unespar, em São Cristóvão que vai bombar após a conclusão da ponte. Já no local do Fórum atual, ficará a prefeitura.
Porto União
Porto União continua com uma prefeitura cujo prédio, aos remendos, foi ampliado, mas aquém do que merece um município com sua importância e bela história. Até por questões de estacionamento deveria ser repensado (escrevo isso desde sempre). A Câmara de Vereadores – uma vergonha – sequer tem acessibilidade no prédio e nos passeios, contrariando o próprio decreto municipal editado em 2018 por Mibach. Piada que nos faz chorar.
Merece
Porto União merece seu centro cívico. Prédios novos para prefeitura e câmara de vereadores, funcionais, com acessibilidade e justapostos para facilitar trâmites. Fazer isso lá na região do Bela Vista e, tal qual ocorre em São Cristóvão, levar o desenvolvimento urbano para a região expandindo nossa urb. O prédio da Estação deveria abrigar a Secretaria de Cultura e Turismo para vizinhar com a de União da Vitória: falar a mesma língua. Mas como eu escrevi semana passada: não é raro sonhos virarem pesadelos por aqui.
Acessibilidade
Aliás, essa proposta de campanha (2016) do atual prefeito de Porto União – a acessibilidade com os passeios em paver – e que numa traição à sociedade acabou caindo no bolso do contribuinte é outro dos absurdos que vimos na atual gestão. Quando algum turista desavisado elogia, “foi a prefeitura”. Quando alguém reclama do modo ou se nega fazer, “é ordem do MPSC”. A este respeito, inclusive, ouvi no MPSC, ano passado, que alguns deficientes visuais foram até lá para agradecer. Friso que não sou contrário à acessibilidade, mas a seu modo de implantação. Mas lembro que além de agradecer à dupla MPSC/prefeitura sobre os passeios novos do anel central, devemos bater nas portas de cada casa ou estabelecimento comercial para agradecer a quem de fato pagou pelo benefício.
Despeço-me
Hoje assino minha última coluna aqui no A2 Portal antes das eleições. Por uma questão de precaução eleitoral, haja vista que meu nome permanece à disposição do PL, afasto-me para que não pairem discussões a este respeito diante da lei eleitoral que veta programas de rádio/televisivos com nomes de candidatos. Em meu lugar, nossa equipe editará a Coluna Àgora. Fiquem bem! E até a próxima, seja antes ou só depois das eleições!
Morro da Cruz, 10/08/2020