Brigas entre irmãos pequenos fazem parte do processo de socialização

Professora Especialista em Psicopedagogia clínica, do curso de Psicologia da Anhanguera, dá orientações sobre como lidar com conflitos entre filhos pequenos
O período de férias acentuou um problema comum em famílias com crianças pequenas: as brigas entre irmãos. Os conflitos entre os pequenos são naturais e fazem parte do processo de aprendizagem para relações interpessoais e desenvolvimento da personalidade. Compreender os motivos dos atritos é importante para que os pais ou tutores possam intervir de maneira saudável nessas situações e estimular o diálogo entre os filhos.
De acordo com a professora Waleria Vargas Busetti do curso de Psicologia da Faculdade Anhanguera, os irmãos são um dos principais representantes das relações sociais na vida infantil e as demonstrações de afeto ou de agressividade são normais, uma vez que aconteçam de maneira eventual e com proporções diminutas. "Embora alguns irmãos vivam uma relação de disputa no seio familiar, seja em busca pela preferência dos avós, ou mais atenção dos pais, não há nada de incomum. Contudo, os responsáveis precisam orientar que cada um é único e tem seu espaço", afirma a docente.
A maioria dos conflitos ocorre quando uma ou as duas crianças compartilham algum tipo de incômodo emocional, como quando são contrariadas ou se sentem ameaçadas ou invadidas. Até os 6 anos, as noções de socialização e de propriedade estão sendo construídas e é possível que haja desentendimentos na disputa por espaços ou brinquedos. Ainda antes dos 10 anos, os jovens podem apresentar dificuldades para desenvolver a empatia e lidam com problemas envolvendo deboches, gozações e provocações.
A intervenção dos adultos não é recomendada em grande parte dos casos, apenas quando for solicitado por um dos filhos ou quando julgar que a discussão está tomando proporções mais sérias. Segundo a professora, o ideal é permitir que o problema seja resolvido pelas próprias crianças e, depois, apontar os comportamentos inadequados de forma pacífica e incentivá-las a comunicar sobre seus sentimentos.
CHEGADA DOS CAÇULAS
Um dos exemplos clássicos de conflitos dentro de casa acontece quando o primogênito sente ciúmes do caçula recém-chegado. A professora da Anhanguera explica que a insegurança causada por mudanças drásticas é um dos principais fatores que levam a criança a apresentar hostilidade, portanto, as crianças devem ser preparadas para receber os novos irmãos.
A situação pode ser amenizada ao incluir a filha ou filho mais velho na expectativa do bebê, como convidá-los para decoração do quarto ou compra de roupas, por exemplo, além de estabelecer uma parceria propondo a partilha de tarefas para quando o novo membro da família chegar. "Os pais precisam dar atenção igual, mas, principalmente para aquele que entende melhor o que está acontecendo no dia a dia, ou seja, o mais velho. O bebê precisa de afeto e carinho, porém o mais velho não pode ser preterido", afirma a docente.