Discurso de Putin: líder russo promete continuar ofensiva na Ucrânia

O presidente russo, Vladimir Putin, acusou o Ocidente de fazer um jogo sujo sobre a Ucrânia em seu discurso anual ao Parlamento nesta terça-feira (21). Seu discurso deu o tom para uma contínua ofensiva russa, com um chamado para fortalecer as forças armadas e fortalecer a economia durante a guerra. Putin também fez um alerta nuclear ao Ocidente sobre a Ucrânia, anunciando que Moscou suspenderia sua participação no último tratado de controle de armas remanescente entre as duas principais potências nucleares do mundo, Rússia e Estados Unidos, conhecido como tratado New Start. Ele disse que, embora não retiraria a Rússia completamente do tratado, não permitiria que os países da Otan inspecionassem o arsenal de seu país. Em um discurso que durou cerca de uma hora e 45 minutos, ele afirmou que o Ocidente havia começado a guerra na Ucrânia, acusou-o de "enganar cinicamente seu povo" e disse que seu objetivo era "poder ilimitado". Ele afirmou que a Rússia queria resolver o conflito na Ucrânia pacificamente, mas que os países ocidentais prepararam um “cenário diferente” pelas costas. Ele disse: “Estávamos fazendo todo o possível para resolver este problema pacificamente, negociando uma saída pacífica para este difícil conflito, mas nas nossas costas um cenário muito diferente estava sendo preparado.” Falando perante o presidente dos EUA, Joe Biden, que deveria fazer um discurso na Polônia na terça-feira, Putin acusou os membros da Otan de "jogar um jogo sujo" com "mentiras repulsivas e comportamento duvidoso". Putin prometeu continuar “sistematicamente” a ofensiva na Ucrânia e disse que os países ocidentais, liderados pelos EUA, estão buscando “poder ilimitado” nos assuntos mundiais.
Trechos de seu discurso: Alegou fazer o discurso em um momento difícil, um “divisor de águas” para o país Repetiu a afirmação infundada de que a Rússia enfrentava uma “ameaça nazista”, com “ameaças e ódio constantes” do governo de Kiev Disse que desde o século 19 o Ocidente tentou arrancar as terras históricas de nosso país, “o que agora é chamado de Ucrânia” Disse que o povo da Ucrânia se tornou “refém do regime de Kiev” e seus “senhores ocidentais” Alegou que Moscou estava desafiando as tentativas do Ocidente de arruinar a economia da Rússia
Putin fez as declarações em um discurso aos membros de ambas as casas do Parlamento, quase um ano depois de enviar dezenas de milhares de soldados à Ucrânia, em uma ação que desencadeou o maior confronto com o Ocidente desde a Guerra Fria. Depois de acusar os EUA e a Otan de não cooperarem com o New Start, ele disse: “Nesse sentido, sou forçado a anunciar hoje que a Rússia está suspendendo sua participação no tratado estratégico de armas ofensivas”. A Rússia e os EUA têm vastos arsenais de armas nucleares remanescentes da Guerra Fria e continuam sendo, de longe, as maiores potências nucleares. Juntos, eles detêm 90% das ogivas nucleares do mundo. O tratado, assinado pelo presidente Barack Obama em 2010, quando as relações eram mais quentes, reduziu os limites das ogivas nucleares de cada país em quase 30%, para 1.550 ogivas em mísseis balísticos intercontinentais, mísseis balísticos submarinos e bombardeiros pesados. Ambos os lados atingiram os limites centrais em 2018. O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, disse que lamentava a decisão da Rússia de suspender sua participação no tratado e instou Moscou a reconsiderar. Falando ao lado do ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, e do chefe de política externa da UE, Josep Borrell, logo após o discurso de Putin, Stoltenberg disse que a Rússia foi o agressor. “Foi o presidente Putin quem iniciou esta guerra imperial de conquista. Como Putin deixou claro hoje, ele está se preparando para mais guerra. Putin não deve vencer. Seria perigoso para nossa própria segurança e para o mundo inteiro”, afirmou. “Ele está em uma realidade completamente diferente, onde não há oportunidade de conduzir um diálogo sobre justiça e direito internacional”, disse o conselheiro político Mykhailo Podolyak. O Ministério das Relações Exteriores da Rússia disse que convocou a embaixadora dos EUA, Lynne Tracy, sobre o que chamou de "curso cada vez mais agressivo" de Washington, acusando-o de ampliar seu envolvimento no conflito na Ucrânia.