'Grande Vazio' no centro da Grande Pirâmide de Gizé continua a confundir os cientistas
Os mesmos cientistas que descobriram uma passagem escondida dentro da Grande Pirâmide de Gizé também detectaram um vazio maior no núcleo da antiga estrutura.
O vazio está localizado diretamente acima da Grande Galeria da Grande Pirâmide, o caminho longo e estreito que os visitantes da pirâmide usam para acessar a Câmara do Rei, uma das quatro salas visíveis dentro da estrutura.
O "Grande Vazio", nome dado pelos cientistas, é envolto em rocha, por isso é fisicamente inacessível. No entanto, por meio de varreduras não invasivas, seu volume foi relatado em várias centenas de metros cúbicos, disse ao The National um dos especialistas envolvidos em uma varredura em grande escala da antiga relíquia.
Foi descoberto em 2017, um ano após a detecção de um vazio menor que acabou sendo a recém-anunciada passagem oculta. Desde a sua descoberta, o Grande Vazio não foi estudado devido à sua localização no centro da pirâmide.
Sua função permanece um mistério para aqueles que a estudaram, Sebastien Procureur da Comissão Francesa de Energias Alternativas e Energia Atômica (CEA) disse ao The National.
Procureur fez parte de uma missão internacional de especialistas em digitalização e imagem que participaram da iniciativa ScanPyramids, formada em 2015.
A missão usou tecnologia de ponta para tentar decifrar como as pirâmides foram construídas e como elas conseguiram permanecer de pé por tanto tempo, questões que permanecem sem resposta após oito anos de varreduras.
Um diagrama mostrando as diferentes partes que os cientistas descobriram na Grande Pirâmide de Gizé por meio de várias varreduras. A letra 'i' marca a posição do chamado 'Grande Vazio', um espaço vazio no centro da pirâmide que confundiu os cientistas por quase uma década. A estrutura da Grande Pirâmide foi recentemente escaneada por uma missão de especialistas internacionais em imagens cujas descobertas foram publicadas na proeminente revista científica Nature. Créditos das fotos: Natureza.
“Ainda temos muito a aprender com este monumento incrível, apesar do fato de ter sido objeto de interesse por milhares de anos”, disse Salima Ikram, renomada egiptóloga, ao The National. “A tecnologia moderna é realmente a única maneira pela qual podemos penetrar em seus segredos. É realmente um quebra-cabeça tridimensional.”
Ao contrário do vazio menor, que era fácil de estudar, o Grande Vazio representava um sério desafio para a equipe. “A razão pela qual nos concentramos no outro vazio menor, que foi anunciado recentemente, foi porque ele está mais próximo da superfície da pirâmide, o que o torna infinitamente mais fácil de explorar e estudar”, disse Procureur. “O Grande Vazio está no fundo da pirâmide, o que torna as medições mais difíceis.”
Alguns membros da equipe pensaram que poderia haver uma conexão entre os dois vazios e esperavam que, ao estudar o mais acessível primeiro, pudesse fornecer mais informações sobre o vazio maior.
“Se é uma câmara, ou uma anomalia de construção, ou outra coisa não é possível dizer neste momento. Mas minha opinião sempre foi que está lá, é grande e merece uma investigação mais aprofundada”, disse Peter Der Manuelin, professor de egiptologia da Universidade de Harvard.
Procureur disse que a exploração do Grande Vazio provavelmente envolveria alterações na estrutura antiga que devem ser cuidadosamente consideradas.
“O Grande Vazio é muito central nas pirâmides, então se um dia eles decidirem estudá-lo mais de perto, será bastante complicado. Um buraco teria que ser feito para permitir que detectores mais precisos o alcançassem. Teria que ter entre cinco e 10 metros de comprimento”, disse.
A partir dos dados disponíveis, os arqueólogos apostaram várias interpretações sobre a função do vazio.
Embora alguns pensassem que era uma câmara de alívio para diminuir o peso na Grande Galeria, disse Procureur, as simulações realizadas pela equipe descartaram isso porque o vazio está muito acima da galeria, cerca de 10 metros, para fornecer qualquer suporte estrutural.
Outra interpretação foi que se tratava de outra Grande Galeria – uma passagem que os construtores da pirâmide usaram para se mover em seu interior que foi de alguma forma selada ao longo do tempo, disse ele.
Alguns arqueólogos imaginaram que era uma antiga câmara anti-sísmica construída para reduzir os efeitos destrutivos de um terremoto.
