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Honrando vítimas do Holocausto, autoridades da ONU condenam ascensão do antissemitismo


Memorial no Museu do Holocausto Yad Vashem, em Israel, homenageia os judeus mortos no genocídio nazista | Foto: © Eelco Böhtlingk/Unsplash Na quinta-feira (27) foi comemorado o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, data que marca a liberação do campo de concentração de Auschwitz e honra os seis milhões de judeus e inúmeras outras vítimas do genocídio nazista.


Para marcar a ocasião, autoridades da Organização das Nações Unidas participaram de solenidades em memória das vítimas e discursaram em prol do combate à desinformação, ao antissemitismo e ao negacionismo do Holocausto.


“Recordar o passado é crucial para proteger o futuro. O silêncio perante o ódio é cumplicidade. Hoje, vamos nos comprometer a nunca ser indiferentes ao sofrimento dos outros, a nunca esquecer o que aconteceu ou deixar que seja esquecido pelos outros”, declarou o secretário-geral da ONU, António Guterres.


A alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet e o presidente da Assembleia Geral, Abdulla Shahid também se manifestaram sobre o que classificam como a pior “atrocidade da história humana”, condenando a ascensão dos episódios de terrorismo contra a comunidade judaica durante a pandemia de COVID-19.


Como forma de lembrar e honrar as seis milhões de pessoas que perderam as suas vidas durante o Holocausto, a Organização das Nações Unidas e seus principais porta-vozes emitiram uma série de comunicados e participaram de eventos temáticos nesta quinta-feira (27). O dia marca os 77 anos de libertação do campo de concentração de Auschwitz e a data foi definida pela Assembleia Geral da ONU como Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto.


O secretário-geral da ONU, António Guterres, fez um discurso de forma virtual lembrando os judeus que foram vítimas do extermínio e também os ciganos e sinti, eslavos, pessoas com deficiência, pessoas LGBT, prisioneiros de guerra e membros de redes antinazistas de todo o mundo, que também foram alvos do massacre.


Ao falar do evento histórico, Guterres ressaltou o papel fundamental das Nações Unidas na luta contra o antissemitismo e lembrou as origens da organização. “O Holocausto definiu as Nações Unidas. O nosso próprio nome foi cunhado para descrever a aliança que lutava contra o regime nazista e os seus aliados. A nossa Carta foi redigida em São Francisco, quando o campo de concentração de Dachau foi libertado”, recordou o secretário-geral.


“As Nações Unidas devem estar sempre na linha da frente da luta contra o antissemitismo e de todas as outras formas de intolerância religiosa e de racismo”, afirmou a autoridade máxima da ONU.

Diante do aumento dos casos de intolerância, antissemitismo e negacionismo do Holocausto, Guterres fez um apelo para que a história não seja esquecida. “Recordar o passado é crucial para proteger o futuro. O silêncio perante o ódio é cumplicidade. Hoje, vamos nos comprometer a nunca ser indiferentes ao sofrimento dos outros, a nunca esquecer o que aconteceu ou deixar que seja esquecido pelos outros”.


Cerimônia

Na terça-feira (25), ele também já havia divulgado uma mensagem em vídeo sobre este tema, para uma cerimônia na Sinagoga Park East, em Nova Iorque. Na ocasião, Guterres lamentou eventos atuais de terrorismo contra comunidades judaicas – incluindo o episódio da semana passada onde um rabino foi feito refém no Texas (EUA) -, bem como a crescente falta de conhecimento sobre os fatos históricos do Holocausto, a desinformação e o uso de símbolos condenáveis.


“Vemos isso da maneira repreensível como os manifestantes contra as vacinas que salvam vidas se manifestam usando a Estrela Amarela. E reconhecemos isso nas tentativas profundamente perturbadoras de negar, distorcer ou minimizar o Holocausto – que estão encontrando terreno fértil na internet em meio à crescente ignorância e desdém”, listou o secretário-geral.


Direitos Humanos

Outra autoridade das ONU a se manifestar sobre este assunto foi a alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet. Na quarta-feira (26), ela classificou o Holocausto como um “crime de desumanidade chocante”.


Bachelet conclamou governos, cidadãos e empresas, em especial as responsáveis por plataformas digitais, a enfrentarem a mentira e o incitamento ao ódio, inclusive online.“Salvar o registro histórico e desafiar as distorções dessa história são uma parte crítica desse esforço. Em benefício das gerações passadas, presentes e futuras, nunca devemos permitir que a humanidade esqueça esses crimes terríveis”, disse ela.


Negacionismo

Nesta quinta-feira (27), a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), o Congresso Judaico Mundial (WJC) e plataforma TikTok anunciaram uma parceria para combater o negacionismo do Holocausto e o antissemitismo online. A partir de agora, usuários que buscarem termos relacionados ao Holocausto dentro da rede social serão convidados, através de um banner, a acessarem o site educacional About Holocaust, que apresenta os fatos históricos em 19 línguas, inclusive português.


Um levantamento feito pela ONU concluiu que, até então, 17% do conteúdo relacionado ao Holocausto no TikTok era de negação ou continha distorções.


Resolução

No dia 20 de janeiro, a Assembleia Geral da ONU adotou uma resolução condenando a negação do Holocausto, chamando-a de um marco importante na luta contra o antissemitismo global e todas as formas de ódio. O documento pede que Estados-membros desenvolvam programas para educar as gerações futuras e insta as empresas de mídia social a tomar medidas ativas para combater o antissemitismo e a negação ou distorção do Holocausto.


O presidente da Assembleia Geral, Abdulla Shahid, também fez um discurso honrando as vítimas do extermínio que ele classificou como “a pior atrocidade da história humana”. Ele também frisou que durante a pandemia de COVID-19, cresceu a incidência de episódios de intolerância às comunidades judaicas em todo o mundo.


“É de partir o coração que em meio aos flagelos desta pandemia – ódio, intolerância e antissemitismo mais uma vez alimentem a violência moderna, o conflito e a discriminação”, afirmou. “Em memória das vítimas do Holocausto e por respeito aos sobreviventes, nunca nos esqueçamos. Vamos nos unir pela verdade, paz e justiça para todos”.


Arte

Além dos discursos, a Sociedade de Música de Câmara da ONU apresentou compositores judeus em um concerto especial projetado para preservar a memória da tragédia para as gerações futuras.


A West-Eastern Divan Orchestra, do maestro argentino-israelense Daniel Barenboim, também fez uma apresentação junto com a exposição de obras de arte do artista israelense Roy Nachum, baseada em Nova Iorque.


A cerimônia foi seguida por um seminário virtual intitulado “Legado da Medicina durante o Holocausto e sua Relevância Contemporânea”, destinado a estagiários e profissionais de saúde a refletir sobre seus valores fundamentais a serviço do atendimento humanístico e eticamente responsável ao paciente.

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