Secretário-geral da ONU pede rota de fuga do que chamou "apocalipse" em Mariupol

"Eles precisam de uma rota de fuga para longe do apocalipse". A frase é do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, proferida após negociações em Kiev, nesta quinta-feira (28). Segundo ele há intensas discussões em andamento para a retirada de pessoas de uma usina siderúrgica onde combatentes e civis estão sitiados na cidade ucraniana de Mariupol, no sudeste do país.
Ele defende a possibilidade de um corredor humanitário coordenado pela ONU e pela Cruz Vermelha para centenas de civis que estariam ainda em Azovstal. "Enquanto falamos, há intensas discussões para avançar com essa proposta e torná-la realidade. Eu posso apenas dizer que estamos fazendo tudo que podemos para fazer isso acontecer. Eu não vou entrar em nenhum comentário que possa prejudicar essa possibilidade", disse.
Guterres se reuniu com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, após realizar conversas com o presidente russo, Vladimir Putin, na terça-feira, nas quais Putin concordou "em princípio" com o envolvimento da ONU e do Comitê Internacional da Cruz Vermelha na desocupação da usina de Azovstal.
O conselho de Mariupol disse que cerca de 100 mil moradores da cidade estão em "perigo mortal" por conta dos bombardeios russos e das condições sanitárias precárias, e descreveu uma escassez "catastrófica" de água potável e alimentos.
Em 21 de abril, quase dois meses depois de um cerco à cidade portuária estratégica, a Rússia declarou a vitória em Mariupol, embora forças ucranianas remanescentes ainda estejam resistindo em um vasto complexo subterrâneo abaixo de Azovstal, onde civis também estão se abrigando.